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Mostrando postagens de novembro, 2011

O Quarto de Despejo

Antes havia ali uma porta, que foi fechada com tijolos e cimento antes de nascermos, de porta mesmo ficou só o contorno, a madeira pintada do portal. Vovó falava de um quarto de despejo, que funcionava como despensa e que não existe mais, pelas indicações deve ser o tal quarto emparedado. Imagino as paredes desbotadas, as prateleiras vazias, teias por toda parte, os ossos arrumados no chão,... A casa antiga tem muitas histórias, dizem que atrás daquela parede tem um quarto, e lá dentro mora a Dona Viterba. Nós conseguimos furar um buraquinho nos tijolos, junto ao chão e à madeira, e de lá sai um vento gelado e rescindindo a umidade e mofo. Tentei iluminar pelo furo, mas mal cabe a lanterna, ou seja, se ilumino, cubro, se descubro, apago. Pelo furo a escuridão parece ainda mais densa, dessas de cortar com faca, como se fosse cremosa e opaca. Se Dona Viterba estiver mesmo lá, deve ter aqueles brotamentos fosforescentes dos peixes abissais. A tal senhora era esposa do espanhol que constru