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Mostrando postagens de setembro, 2010

crio-laboratorios

A pessoa abre os olhos, 20 anos depois, o primeiro caso bem sucedido de congelamento terapêutico humano. Estava curada de uma grave enfermidade que era considerada incurável quando se inscreveu como voluntária para pesquisas de criogenia. Historicamente era agora um marco, passara pela cirurgia e recuperação ainda inconsciente, e fora ressuscitada (ou reanimada, diziam). O lado ruim: ao longo das duas décadas tinha perdido seus pais, o marido, suas economias, o apartamento, o emprego. Não conseguia lidar com eletrodomésticos modernos, não conhecia computador, suas roupas eram fora de moda e estava careca. Sua rotina era de testes, comidinhas de bebê, fotos, exames, entrevistas. Expectativa de vida: mais 60 anos. Aos 40, tinha mesmo 60. Chegaria aos 120 com 100? Passava por tudo isso com uma certa melancolia e sonhava com geladeiras macias e lençóis molhados.

Idéias nada boas e algumas chaves

Está bem, vou contar como tudo aconteceu desde o início, para o senhor entender pelo que eu passei hoje. E ver que eu não sou louca, nem agressiva, pode perguntar a qualquer um. Estava em meu escritório, no alto de uma das torres do Rio Sul, calmamente admirando a vista enquanto aguardava a chegada de um importante cliente. Foi quando o telefone tocou novamente. Pela décima vez. Nas nove vezes anteriores alguém telefonava insistentemente e ficava em silêncio quando eu atendia. Mas havia alguém lá, eu podia ouvir a respiração. Eu desligava, mas a pessoa ficava ali prendendo a linha até cair a ligação, então a campainha tocava novamente. Eu estava quase perdendo o controle, quando a Margarete telefonou. Isso mesmo, na décima vez era ela, a diarista nova que meu marido contratou. - Alô? Dona Cecília? - Oh, finalmente consegui falar com a senhora! Isso aqui está muito complicado. - Tudo bem, não vou ocupar o tempo da senhora, é só para dizer que os moços já vieram buscar a geladeira. Da pr