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Mostrando postagens de maio, 2009

Amanhecer

Sentira-se meio descarrilhada hoje, estranha desde que acordara e vira os chapéus planando sobre a grama do jardim da frente. Devia ter fechado as cortinas no dia anterior para que não precisasse vê-los, mas os barulhos da noite a assustavam sobremaneira, assim gostava de poder contar com a luz do poste se infiltrado pelos vidros. Amanhecera um dia ensolarado, uma luz que suspendia poeirinhas pelo ar. Os primeiros sons foram de um canário, de um vendedor ambulante de loterias e de um caminhão barulhento. Então três sombras passaram e tornaram a passar, contornos distintos de chapéus antigos. Foi até a janela, lá estavam eles, executando um vôo-dança. Clara estava vestindo apenas uma camisolinha de seda e apesar disso sentia um calor insuportável no quarto. Por onde andava, o calor a seguia como que irradiado por seu próprio corpo. Estranho, se estivesse febil sentiria frio. A geladeira estava aberta, quase vazia. Sobre a mesa uma grande bagunça, cascas de ovos, farinha por toda parte,

Gostosuras ou Travessuras?

Andava apressado para buscar o carro no estacionamento do MAM, já era fim de tarde e eu estava um pouco atrasado. Quando descia a larga rampa da passarela sobre o Aterro, cruzei com a Xuxa Fake. Já a tinha avistado em duas ocasiões: uma ali no centro mesmo e outra na Barra, dançando no sinal de trânsito entre os carros e depois pedindo trocados aos motoristas. Agora subia apressada, no rosto um sorriso triangular que dizia “Sou louco sim, se quiser tirar uma foto custa baratinho” ou “Qual é o problema? Também preciso sobreviver”. Xuxa fake é um homem por dentro de um tipo de roupa que a apresentadora de verdade usava há uns vinte anos atrás, imagino se desde esta época o sujeito se traveste. Há um homem em Copacabana que só veste pijamas, sai a qualquer hora só com a roupa de dormir, trabalha vestido assim, anda de metrô vestido assim. Imagino que deve dormir nu. Depois (parece mentira, em Copacabana mesmo) cruzei com um fusca colorido dirigido por um palhaço. Presos no trânsito éramos