Gostosuras ou Travessuras?

Andava apressado para buscar o carro no estacionamento do MAM, já era fim de tarde e eu estava um pouco atrasado. Quando descia a larga rampa da passarela sobre o Aterro, cruzei com a Xuxa Fake.
Já a tinha avistado em duas ocasiões: uma ali no centro mesmo e outra na Barra, dançando no sinal de trânsito entre os carros e depois pedindo trocados aos motoristas. Agora subia apressada, no rosto um sorriso triangular que dizia “Sou louco sim, se quiser tirar uma foto custa baratinho” ou “Qual é o problema? Também preciso sobreviver”.
Xuxa fake é um homem por dentro de um tipo de roupa que a apresentadora de verdade usava há uns vinte anos atrás, imagino se desde esta época o sujeito se traveste.

Há um homem em Copacabana que só veste pijamas, sai a qualquer hora só com a roupa de dormir, trabalha vestido assim, anda de metrô vestido assim. Imagino que deve dormir nu.

Depois (parece mentira, em Copacabana mesmo) cruzei com um fusca colorido dirigido por um palhaço. Presos no trânsito éramos todos nós palhaços, mas estou certo de que não era um protesto contra engarrafamentos, era simplesmente um palhaço voltando para casa depois do trabalho.
Trabalha em algum circo ou em algum órgão do governo?

As pessoas fantasiadas estão ganhando as ruas. Tenho visto homens-estátua pintados de prateado, homens-coelho da páscoa, homens-xuxa e homens-palhaço. Os meninos de sinal estão sendo substituídos por eles.

Aliás, antes dos meninos, malabaristas de limões, nos sinais havia artistas argentinos. Mais equipados, estes tinham malabares, tochas, argolas, chapéus. Foram perdendo o viço, a proliferação dos limões voadores deixou o malabarismo uma arte fácil, desvalorizada.

As pessoas fantasiadas que tenho visto devem ser os argentinos, em uma ensaiada revanche. São mudos, disfarçados, e não precisam jogar nada para cima.

Imagino como serão as coisas se os meninos de sinal resolverem também se fantasiar, desvalorizando os travestidos. Serão milhares de Sacis, Batmans, Darth Vaders, Zumbis, Chucks.
Mascarados, esconderão também os escrúpulos e qualquer derradeiro sentimento de civilização e passarão a aterrorizar os motoristas.
- Um Saci pulou sobre meu carro e fez xixi no pára-brisas.
- A Morte levou meu relógio.
- Dois Batmans estavam na moto que me perseguia.

E os argentinos precisarão pensar rápido em alguma coisa.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

meus remédios

TEATRO DE MARIONETES

Os Problemas de Leda