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A última viagem

Arraial do cabo, praia grande, 12 de abril de 2014 - Pai, vamos cavar um buraco até o centro da terra? - Não dá, Miguel, o centro da terra é muito longe. - O que tem lá? - Ninguém sabe, uns acham que é cheio de lava de vulcão, outros acham que tem dinossauros. - Eu vou cavar.. Algum tempo depois.. - Pai, tou cansado. Cava para mim? Cavei, cavei, cavei.. - Miguel, o buraco já está bem fundo, cabe até você lá dentro. - Ainda falta muito para o centro da terra? - Muito muito - O rio de janeiro é mais perto que o centro de terra? - É sim. - Então cava até o Rio para a mamãe e o Tito virem pracá.

meus remédios

Renata abriu a mochila, retirou um pacotinho plástico selado, de um lado cor prata, do outro transparente. Dentro dele, cerca de dez comprimidos. - O marrom é ômega 3, os branquinhos são polivitamínicos e aqueles verdes são para meu joelho, que é bem ruim. Para todas as articulações, fortalece todas. Sim, tomo todos os dias, já vêm assim embaladinhos e dentro de uma caixa maior. - Uma vez fiquei três dias sem tomar, de tanto tempo com a medicação, o corpo sente falta e reclama, tomo todos os dias há pelo menos dois anos. Nessa vez que viajei sem os remédios fomos para um lugar lindo, mas eu estava tão cansada (falta dos comprimidos) que fiquei em casa sozinha. Meu marido estava em Friburgo quando as aranhas começaram a aparecer. - Sim, daquelas peludas. Subiam na cama e subiam umas por cima das outras fazendo barulhos de caranguejos atravessando a rua. Eu esperneava e gritava, para cada aranha chutada subiam dez. - Aí elas desapareceram? - Como se fossem frágeis borboletas. Assim