E se fosse logo ali?

E se ninguém gostasse do amarelo?
Precisaríamos repintar coisas demais.
E se ninguém gostasse do c, do p, do x?
Precisaríamos inventar outras letras para substituí-las no discurso.
Ainda assim, não deixariam de existir. Habitariam o fundo de alguém, raros e preciosos.

E se os dedos fossem moles e não conseguissem apertar as teclas, será que as teclas existiriam?
E se ao invés de letras tívéssemos apenas sons?
E se no país dos cegos as letras sumissem?
E se os ciganos cegos pudessem ler as espinhas e rugas ao invés das mãos?
E se não houvesse o que pegar, o que apontar, o que escrever,
Os dedos precisariam encontrar outras utilidades.

E se os olhos fossem quadrados, e não fosse possível rolá-los nas órbitas,
Teríamos pescoços musculosos de tanto virar a cabeça.
Usaríamos óculos quadrados, com a lente pequena.
Por que mesmo os óculos têm os dois lados iguais?
Cada lente poderia ser num formato diferente, uma redonda outra retangular,
De cada lado, um rosto. Uma pessoa diferente conforme o lado que se vê.

Uma companhia diferente dependendo de onde estivesse você.
Como aquelas pessoas de marte que andam por aí fazendo barulho nos joelhos, destruídos de tanto subir nos vulcões quilométricos de lá carregando algumas coisas que já não existem mais em muitos pontos do universo. Cores, letras, destinos, dedos.

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