lugar nenhum

Dois barcos navegavam lado a lado sob o céu azul escuro do poente, tingidos de laranja, amarelo e vermelho, cortando águas já pretas da noite.

Iam em alto mar, rumo a uma ilha distante, à qual nunca chegariam. Eles tinham pouca potência e lutavam contra as correntes de fundo, que teimavam em reconduzi-los quase ao ponto de partida tão logo conseguiam avançar.
Estavam com pouco combustível, de palamenta desguarnecida de radios e remos (tinham sido trocados por comida há dois dias), sem sinalizadores, bóias ou cones pelos quais pudessem gritar.
Apesar do arrasto, a superfície revelava-se lisa e convidativa e imprudentes marujos atiravam-se ao mar vestidos, atraídos pela música que acompanhava as trilhas de espuma.

Os barcos eram unidos por uma estrutura de madeira, talvez um antiga escada, e quase todos a bordo tinham se ocultado no cavername quando veio o primeiro impacto.
O barco da direita era agora uma esfera de fogo, pedaços de madeira e latão voavam em todas as direções e os dois cascos giravam perdidos em torno dos destroços.
A estrutura que os unia foi partida, separado o barco restante, que apinhou-se de gente e rumou ao porto de origem, ao qual nunca chegou.

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