Nefertiti rumo a Botafogo

A pessoa sentada ali adiante bem pode ter sido uma múmia, tem o mesmo pé moreno, preto de putrefação, torto. As pernas finas, arqueadas em conjunto pelos séculos de enrijecimento.
Os cabelos são pretos, o olhar é distante, o rosto é magro e anguloso, sombrio.
Ela mexe nos cabelos, jogando-os sobre a pessoa de trás. Alguns tufos se desprendem e caem no chão sujo do metrô.
Maquiagem pesada (máscara?) e dentes longos, amarelados, em um sorriso frouxo e inerte. A roupa é roubada, certamente quando passou por um quintal de São Cristóvão em fuga do museu. Dá para reparar pela bolsa Pink Panther, que não combina nada com os chinelos dois números maiores.

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