Um blog de textos escritos de madrugada, ou mesmo pensados durante a noite, de coisas que provavelmente não aconteceram e outras idéias que andam pela cabeça.
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booktrailer do livro do blog com uma das histórias que já não estão mais aqui.. http://www.youtube.com/watch?v=n3jraa0R45M
Renata abriu a mochila, retirou um pacotinho plástico selado, de um lado cor prata, do outro transparente. Dentro dele, cerca de dez comprimidos. - O marrom é ômega 3, os branquinhos são polivitamínicos e aqueles verdes são para meu joelho, que é bem ruim. Para todas as articulações, fortalece todas. Sim, tomo todos os dias, já vêm assim embaladinhos e dentro de uma caixa maior. - Uma vez fiquei três dias sem tomar, de tanto tempo com a medicação, o corpo sente falta e reclama, tomo todos os dias há pelo menos dois anos. Nessa vez que viajei sem os remédios fomos para um lugar lindo, mas eu estava tão cansada (falta dos comprimidos) que fiquei em casa sozinha. Meu marido estava em Friburgo quando as aranhas começaram a aparecer. - Sim, daquelas peludas. Subiam na cama e subiam umas por cima das outras fazendo barulhos de caranguejos atravessando a rua. Eu esperneava e gritava, para cada aranha chutada subiam dez. - Aí elas desapareceram? - Como se fossem frágeis borboletas. Assim
O lobo tenta comer o porquinho, sem sucesso. A cada investida, a platéia grita histérica. Enfim, finca-lhe os dentes. Que horrível gosto de couro, cheiro de suor, pêlos incômodos, e o bicho não parava de gritar. Desiste. - Alguém aí tem uma bala? A criança da primeira fila agarra o lobo, e por todas é ovacionado e celebrado. Jogam-no para o alto, tiram fotos. O porco, esquecido e mordido, sai pela direita.
Leda não podia comer açúcares. Não podia comer sequer frutas ou comer leguminosas adocicadas, pois nascera com uma rara doença. Fora até aqui uma vida magra de sabores, salgada. Leda não sentia falta, como não nos falta do que não conhecemos, mas sempre sentiu desejo, uma incrível vontade de conhecer. Desse modo, idealizava como deveria ser o gosto, imaginou sabores multicoloridos, suaves, luminosos, inebriantes. Sua doença era tão rara que tinha sido diagnosticada em um punhado de pessoas em todo o mundo desde que fora descoberta, há mais de um século. Não há pesquisas, tratamentos ou especialistas, tudo o que se aprendeu sobre a enfermidade é que ela caminha ao longo dos anos para a cura ou para o agravamento letal. Leda, aos quase 30, estava curada ou condenada. Beber um copo de suco de laranja, para ela seria o mesmo que jogar roleta russa. Ontem, porém, resolveu descobrir seu destino. Comprou uma irresistível bomba de chocolate. O doce passou a noite sobre a mesa de jantar, bem no
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