o numero da vovó

Havia um caixão pesado e um coveiro apenas, que não conseguia levantá-lo porque era pesado demais para ele.
Havia um grupo de pessoas tristes e pouco espaço, pouco adiantavam os braços.
Havia um túmulo sujo, descuidado, anônimo, à espera do caixão, que fora impedido de entrar no túmulo correto por uma das irmãs más do castelo, que reservara o buraco para os seus.
Havia um corpo inchado, sofrido, triste e desfigurado no caixão, alheio a tudo isso.
Havia o sol, escaldante sol, e aos poucos os braços conseguiram passar por baixo, o peso levantar, e o coveiro à cova baixou o corpo da melhor pessoa que no mundo havia.
Lacradas as bordas de cimento cinzento, colamos com superbonder um caco (recolhido de outra tumba) sobre um papelzinho numerado para nunca esquecermos onde vovó estava guardada.
54330.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

meus remédios

TEATRO DE MARIONETES

Os Problemas de Leda