Triglicerídeos, para onde vocês vão?

Sinto o poder dos triglicerídeos, que comandam insanidades variadas em meu sangue e permitem que as pernas dancem assim mesmo depois de décadas congeladas.
A uma taxa de 450 nem sei do que sou capaz, andando por aí como uma caldeira à moda antiga. Mas cuido bem deles, sempre que consigo ofereço-lhes uma feijoada ou salames gordurosos e sensacionais.
Imagino o que poderia acontecer se fosse obrigado a perdê-los, e como nas perdas de amor já sinto o coração apertado e deficiente.
Ficaria mau, egoísta, fraco, magro, nervoso, doente. Ou não saberia mais pensar, viraria destro, manco, torceria por outro time, gostaria de uísque, de caldo verde e brócolis, ficaria careca, impotente, mudo, cego, talvez.
E se meu sangue for substituído, transformado, circular no sentido inverso, aflorar, esguichar e se esvair, e eu ali ficar, lívido, amarelado e frio caído sobre um leito de folhas?
Melhor seria jamais ter provado tais venenos que sabê-los seus por toda uma vida e agora ser obrigado a deixá-los ir.
Quem ficará em seu lugar?
Triglicerídeos putos, que me iludiram tanto assim!
(desespero de não poder sequer enviar um e-mail a vocês sem que o exame acuse)

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