Um blog de textos escritos de madrugada, ou mesmo pensados durante a noite, de coisas que provavelmente não aconteceram e outras idéias que andam pela cabeça.
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AutoExploração com gosto de tédio, sem nada a dizer.
O lobo tenta comer o porquinho, sem sucesso. A cada investida, a platéia grita histérica. Enfim, finca-lhe os dentes. Que horrível gosto de couro, cheiro de suor, pêlos incômodos, e o bicho não parava de gritar. Desiste. - Alguém aí tem uma bala? A criança da primeira fila agarra o lobo, e por todas é ovacionado e celebrado. Jogam-no para o alto, tiram fotos. O porco, esquecido e mordido, sai pela direita.
Estou andando sobre as águas de uma ensolarada baía, águas salgadas verde esmeralda. Lá no fundo estão os restos de um naufrágio, o cavername do barco como as costelas de uma baleia escura. Vejo os peixes que devoraram os passageiros, os ossos da tripulação, os cacos de louça. Vejo a sombra das nuvens oscilando nas dunas do fundo e cobrindo os despojos com uma mortalha de desolação. Agora chove. Agora é noite. Ando sobre abismos de peixes fosforescentes e animais desconhecidos, sinto frio, agora venta e há enormes ondas de alto mar e uma ilha. Ando sobre a ilha que não parece acabar, é dia novamente e alguns anos se passaram desde ontem, e a ilha vira continente, eu viro conteúdo, e o que faço transpira significado.
Como se o sangue tivesse se tornado preto, ausente de cor, e se esvaziassem as veias num vácuo preenchido da infinitude do espaço, unindo-se ao vazio da alma nessa madrugada etílica. Jogo uma bóia preenchida de músicas dos Smiths que me ajuda a permanecer na superfície por bastante tempo. Qual será a profundidade dessa noite? As músicas, que recentemente voltaram-se contra mim, oferecem as respostas cabíveis e necessárias, mas novamente me abstenho de responder e de afundar.
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