Um blog de textos escritos de madrugada, ou mesmo pensados durante a noite, de coisas que provavelmente não aconteceram e outras idéias que andam pela cabeça.
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AutoExploração com gosto de tédio, sem nada a dizer.
O lobo tenta comer o porquinho, sem sucesso. A cada investida, a platéia grita histérica. Enfim, finca-lhe os dentes. Que horrível gosto de couro, cheiro de suor, pêlos incômodos, e o bicho não parava de gritar. Desiste. - Alguém aí tem uma bala? A criança da primeira fila agarra o lobo, e por todas é ovacionado e celebrado. Jogam-no para o alto, tiram fotos. O porco, esquecido e mordido, sai pela direita.
--> Silva percorria os corredores do supermercado ainda vazio às sete horas, rumo aos balcões refrigerados, ignorando os produtos ao redor. Lá chegando, abriu o casaco e pegou os pombos cinzentos que trazia amarrados à cintura, ajeitou-os entre os frangos, cobriu com gelo. Comprou um refrigerante e foi para casa, da varanda assistiu à chegada da polícia e das vans da imprensa. Aumenta o tomate, aumenta! - Pensou, sentindo-se vingado.
--> Agora entendi. É preciso estar um pouco fora de mim para escrever. Quando me tenho e contenho tanto em labores tão múltiplos pouco me resta de espaço para respiração. Hoje foi um dia assim, de sair de mim. No Museu Nacional resolvi pela primeira vez ver alguma coisa, nas dezenas de visitas anteriores pouco havia a observar, apenas a olhar de relance, assim rápido, acompanhando cada filho enquanto crescia e corria de um corredor ao outro. Hoje o filho foi de mãos dadas com o pai de um amigo e o arrastou enquanto eu via. Vi as múmias e reparei pela primeira vez que eram todas mulheres, as três. Duas estavam muito enroladas, preservadas. A terceira estava em suas vestes primárias, e parecia uma menina coberta por alguma malha justinha. Acompanhei a perna perfeita, a panturrilha, cheguei aos pés, esses desenrolados mostrando pequenos dedos, alguns já descarnados ossinhos. Subindo pelo ventre, seios, revestidos de desenhos e diagramas rituais, depois uma cabeça descobe...
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