Beatriz, finalmente

Em um espaço cinzento ela se move atrapalhada, olha ao redor buscando um pouco de tranqüilidade onde parece saber que não há, assustada com sua origem e muitas questões que surgiram em sua incompleta cabeça.
Há pouco não existia, está pelo menos alguns anos atrasada e não sabe se ainda terá tempo para liderar o motim, que será uma volta à origem do processo todo.

Pensa que as pessoas talvez também tenham surgido assim, de um instante para o outro, como são mesmo, já pessoas e não bebês. Os bebês que nascem agora, sabemos de onde vieram, e sabemos que somos filhos de nossos pais, temos lembranças da infância.
E os pais sabem ser filhos dos avós, e assim por diante, mas veja: houve algum início, como aquela charada da galinha e do ovo, e o primeiro casal deve ter surgido adulto e não bebê, ou não teria sobrevivido.
De algum tempo para cá há fotos, evidências, memórias. Antes havia pinturas, relatos, textos, antes disso a transmissão das histórias era verbal, antes disso o homem nem sabia falar.
O primeiro casal pode muito bem não ter sido o primeiro, pode ter surgido na metade dos tempos, ou mesmo há 200, 300 anos. Quem criou o homem, a natureza, as coisas todas, pode muito bem ter criado a história completa, os cenários, a memória e o registro, como um computador que já vem com software.
Talvez a humanidade seja tão recente que por isto não consiga lidar muito bem consigo mesma, como atores num ensaio de improviso. Talvez sejamos os primeiros humanos.
Isto pode parecer algo vago demais, mas como seria possível a alguém ser mais específico existindo apenas desde ontem?

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