Festa

Estávamos em uma festa, bem agitada e divertida. Você queria alguma bebida com abacaxi, mas isto era quase impossível por ali.
Era uma casa antiga, um palacete decadente construído por volta de 1930, cheio de salas e quartos, escadas e jardins em variados níveis.
Eu circulava aflito entre as pessoas que conversavam amontoadas por toda parte, e subia as escadas e descia as escadas procurando quem eu nem queria mesmo encontrar.
Evitava qualquer um que pudesse querer me prender nessas conversas de festa, sobre nada específico mas que se arrastam como a voz dos bêbados, nisto até fui bem sucedido, driblei vários com elegância.
Lá estávamos novamente juntos na varanda da casa, ambos vestidos de preto, e trocamos um beijo refrescante, há muito evitado. Senti sua boca quente e sua língua ansiosa, e foi uma delícia finalmente ter você só para mim naquele instante.
Fazia muito calor, vontade de beber algo. E então tornamos a nos separar, a busca por bebidas de abacaxi reiniciou e não nos encontramos mais depois disso. Você tinha sido levada por outros caras, de jeans e camiseta justa, bem mais novos que eu, e agora seus beijos eram deles, alternadamente.
tudo isto era projetado ali no telão, em meio àquela música eletônica, e as cenas se misturavam às de muitas outras pessoas chapadas e loucas, que iam sendo engolidas entre rostos, bocas, braços, copos.
E dali você nunca mais voltou, perdida para sempre em forma de vento.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

meus remédios

TEATRO DE MARIONETES

Os Problemas de Leda