Em pé, praticamente em todas as esquinas, nas lojas e mercados, Papais Noéis variados: altos, baixos, anões, magros, gordos. Roupas novas, gastas, vermelhas em diversas tonalidades, barbas volumosas, ralas, compridas, aparadas, imperiais ou modernas, gorros curtos ou compridos. Nenhum, porém, igual ao que circulava nos meus sonhos. Eu vinha sonhando com um mesmo Papai Noel há várias noites, um sonho repetitivo e obssessivo com o mesmo sujeito, nas mais estranhas situações ele sempre acabava aparecendo. Aquele era perfeito, como os desenhados por Norman Rockwell, padrão Coca-cola, e me perseguia pelo cenário que fosse. Isso era o que havia de estranho e assustador. O Papai Noel dos sonhos é aquele que mora na Lapônia, mas não hesitava em aparecer no banco do carona, num jogo de sinuca ou numa piscina imaginária. Pode parecer estranho, mas fiquei com medo dos velhinhos de vermelho, e sair de casa nesta época do ano tornou-se algo bastante aflitivo. Não pude evitar completamente as lojas,...